Da sala de aula às pistas – Conheça a representante da UFSC na competição de Atletismo Paralímpico Universitário

Kamila, para-atleta e representante da UFSC posa com as medalhas conquistadas na edição mais recente das paralimpíadas Universitárias
Em preparação para mais uma disputa, a competição de Atletismo Paralímpico Universitário de 2023, Kamila Silva Pereira, paratleta de atletismo e representante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vem trabalhando há um ano com o treinador, Anderson, para ir em busca da conquista de mais medalhas na temporada de 2023. Treinando toda a sexta-feira, das 16 às 18h, a paratleta se prepara para suas provas de especialidade, que são os 100, 200 e 400m.
A paratleta disputa competições desde 2010, quando tinha 22 anos, já tendo participado de diversas edições dos Jogos do Paradesporto (Parajasc), dos Jogos Parapan-Americanos (Parapan) e das Paralimpíadas Universitárias, onde conquistou o primeiro lugar nas três provas de especialidade que disputou na edição de 2022.
Kamila representa a UFSC em torneios universitários desde 2010, onde participava de um projeto de para-atletismo coordenado pelo professor Diego Antunes e realizado no Centro de Desportos (CDS) da universidade, e praticava a modalidade com bicicleta adaptada. “O projeto na UFSC era ótimo para mim, eu tinha a possibilidade de treinar mais de uma vez na semana e não tinha que me deslocar da universidade”. Com o fim do projeto, a paratleta acabou por ter que buscar outro lugar para realizar os treinamentos e foi obrigada a mudar sua modalidade para competir em pé, em vista do projeto não ser mais desenvolvido na universidade.
Autêntica manezinha da ilha, Kamila cresceu no bairro Ratones, na região norte da ilha de Santa Catarina e foi lá onde ingressou no atletismo. “Aos 15 anos parei com as sessões de fisioterapia e nem pensava em atletismo. Mas por convite de um amigo fui em um treino e acabei gostando”, lembra.
O responsável por apresentar o atletismo à Kamila, foi Geovane Peres, que também é um paratleta de atletismo, porém compete nas modalidades dos 400 e 1500 metros e além de amigo e parceiro de treino, é também o marido de Kamila desde janeiro deste ano.
“O esporte mudou minha vida. Eu mal andava e sei que se hoje tenho a qualidade de vida que tenho é por conta do esporte, não pratico pelas medalhas”, conta, Kamila. Hoje ela soma mais de 50 participações em provas de competições de paratletismo e coleciona 50 medalhas entre ouro, prata e bronze. “Tem duas coisas que amo muito na vida. Estudar e o atletismo”, afirma.
O sonho da sala de aula e o preconceito na profissão
Kamila é aluna da UFSC desde 2010 quando iniciou a graduação em pedagogia aos 22 anos. “Sempre estudei muito, desde nova e um dos meus maiores sonhos sempre foi dar aulas”. Apesar de formada e apta para exercer sua profissão em sala de aula, a pedagoga nunca chegou a dar aulas, em vista de preconceito em sua profissão. “Fui aprovada em primeiro lugar em um processo seletivo para professora em 2017, porém não me aceitaram para ocupar a vaga”.

medalhas das provas de 100, 200 e 400 m conquistadas nas últimas corridas que Kamila disputou nas Paralimpíadas Universitárias
Por conta de não conseguir trabalho em sua área de formação, Kamila optou por iniciar uma nova graduação e hoje está finalizando o curso de biblioteconomia e estagia na biblioteca do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da universidade. “Me sinto acolhida na biblioteca. É um ambiente bom, tranquilo, onde todos me conhecem ali e reconhecem meu trabalho”, finaliza.
Hoje aos 35 anos, Kamila concilia uma vida de atleta com os estudos e o trabalho, tem o desejo de disputar uma paralimpíada representando o Brasil e acima de tudo não descarta a sala de aula. “Eu ainda busco realizar esse sonho de ser professora. Se não conseguir por agora, talvez inicie outra graduação, mas não vou desistir”, finaliza.
O DECL, fica na torcida pela Kamila na participação de mais uma competição e tem certeza que ela estará representando toda a universidade dentro das pistas.