O DECL
Fomentar, regular, incentivar e divulgar a prática de esportes dentro do âmbito universitário, visando o cuidado com atletas e não atletas e o incentivo a diferentes tipos de práticas corporais, é a principal diretriz do Departamento de Esporte, Cultura e Lazer da Universidade Federal de Santa Catarina.
O Departamento de Esporte, Cultura e Lazer (DECL), setor integrante do organograma da Secretaria de Cultura, Arte e Esporte (SECARTE), tem como objetivo o desenvolvimento de ações institucionais fomentadoras das práticas esportivas e corporais contemporâneas, populares e de lazer voltadas para a comunidade interna e externa da UFSC.
O tratamento dado pelo DECL ao esporte remeterá inicialmente à noção mais difundida internacionalmente e localmente, atrelada à competição, que é a forma como a grande maioria dos gestores o trata. Contudo, busca-se dar olhares que superem essa concepção de maneira que o esporte de competição torne-se aderente ao que se espera de uma gestão dedicada a estar presente na UFSC e nas comunidades; que aperfeiçoe os cuidados com a saúde de seus praticantes; que represente a UFSC em seus valores e princípios mais elevados. Enfim, que o esporte seja representativo de algo que não se caracterize como exploração insegura do rendimento máximo de atletas, ou seja, mera reprodução do esporte com fins mercadológicos, mas sim, que represente a síntese daquilo que a UFSC produz de melhor em termos de respeito à natureza e aos seus limites e potencialidades humanas.
Ao mesmo tempo, as ações planejadas e realizadas pelo DECL adotam a concepção da cultura corporal de movimento, a qual possibilita a ampliação da ideia de esporte para outras manifestações contemporâneas e populares que envolvam, destacadamente, outros conteúdos da área da Educação Física – jogos, brinquedos e brincadeiras; lutas; danças; ginásticas e os esportes mais voltados ao lazer, à socialização entre humanos e destes com a natureza.
Como princípios, portanto, acreditamos ser importante considerar:
1- Que a gestão do esporte e de outros elementos da cultura corporal de movimento deve ser abordada como um direito de toda comunidade acadêmica da UFSC e das populações das cidades, tornando a Universidade um polo irradiador da cultura corporal de movimento que dissemina saberes científicos, pedagógicos, filosóficos e artísticos de excelência mediante tais manifestações neste amplo, complexo e apaixonante campo de conhecimentos;
2- As práticas de esporte e da cultura corporal de movimento devem ser oferecidas em complementaridade aos conhecimentos curriculares das formações específicas, sendo pensadas como motor de socialização entre toda a comunidade acadêmica – envolvendo todos os campi – e estes com as populações das cidades. Por comunidade acadêmica são entendidos todos os segmentos que constroem cotidianamente a UFSC, sejam estudantes de graduação e pós-graduação, técnicos-administrativos, docentes, trabalhadores de empresas terceirizadas. Por população das cidades, são consideradas, a princípio, aquelas mais próximas do entorno dos campi da UFSC em diferentes municípios do Estado de Santa Catarina;
3- Aprimoramento de ações esportivas que já vem sendo desenvolvidas na UFSC por meio das equipes de representação e Associações Atléticas dos Cursos para que passem a expressar os valores e princípios humanos mais condizentes com a missão da UFSC nas competições internas e externas;
4- Descentralização do esporte e outros elementos da cultura corporal de movimento, que são ensinados formalmente e praticados livremente no Centro de Desportos do campus da Trindade em Florianópolis. A intenção é possibilitar que este campus seja dotado de outros equipamentos de lazer (pistas de skate, paredes de escala horizontal, quadras no entorno da Praça da Cidadania para prática de esportes com raquetes e tabelas de basquete fixadas em paredes e postes, por exemplo), bem como sejam fornecidos materiais por empréstimo (bolas, patinetes, skates, bicicletas, dentre outros) e assessorias de estudantes e profissionais da Educação Física e de outras áreas de atuação (tais como bailarinos, mestres de capoeira, artistas, treinadores) para que assessorem de forma segura e competente as pessoas que desejem aprender ou se desenvolver em alguma prática corporal. É necessário pensar num programa de formação para capacitação da assessoria. Com a descentralização, todo o campus poderá se tornar um local de lazer para a sociedade, interligado com pistas de caminhada e de ciclismo bem sinalizadas, iluminadas, limpas, agradáveis e seguras. Gradativamente, a ideia é dotar os demais campi com as mesmas potencialidades.
5 – Estudos prévios (diagnósticos) e permanentes realizados conjuntamente por diferentes segmentos da UFSC e das populações envolvidas: a exemplo do que é a essência da Universidade, a gestão do esporte e da cultura corporal de movimento será permanentemente subsidiada por estudos que permitam melhor compreender os anseios e demandas da comunidade acadêmica e da população das cidades. Planeja-se seguidos e consistentes convites à participação coletiva para análise do que já existe e daquilo que será possível explorar como potencialidade dos equipamentos esportivos e de lazer, e das áreas livres que os campi já disponibilizam, melhorando as existentes e construindo outras tantas formas e espaços de interação social e de participação direta.
EIXOS DE ATUAÇÃO:
1) Potencializar ações já em andamento:
– Equipes esportivas de representação da UFSC: manter a experiência buscando aperfeiçoá-la, dando mais condições para que sejam desenvolvidas em consonância aos princípios de formação e de trabalho humanistas expressados na missão da UFSC;
– EFC – Educação Física Curricular: aperfeiçoar e ampliar o oferecimento de turmas como possibilidade de atingir aos diferentes segmentos da UFSC, inclusive chegando a outros campi;
– Áreas Físicas existentes e normatizadas na UFSC: exercitar inversão da lógica atual, em que aquilo que é bom, costuma ser fechado e destinado a poucos projetos e pessoas, enquanto que as instalações abertas ao público costumam ser de pior estado de conservação e sem assessoramento de estudantes e profissionais das áreas envolvidas;
– Áreas Físicas a serem implementadas e complementações das já existentes: buscar identificar as potencialidades de outras instalações físicas já existentes para que passem a servir de forma qualificada às necessidades e demandas levantadas junto à comunidade universitária. Buscar no entorno dos campi e mesmo em outros locais distantes nas cidades-sede da UFSC possibilidades de áreas naturais e públicas e também aquelas passíveis de aluguel para uso do público-alvo desta proposta. Nesse sentido, será possível localizar e avaliar condições de clubes/academias para realização de convênios de atendimentos complementares ao que haverá na UFSC;
– Propor junto aos calendários de competições federadas, uma programação para atendimento de atletas com vistas a identificar e contribuir com a manutenção e melhoria das condições de vida e saúde, oferecendo aporte científico e estrutural para as práticas com elevação do grau de segurança;
2) Incentivar e implementar práticas esportivas integrativas com a natureza, comunidades, entre os campi e entre as IES:
– Superar a ideia de que quando um curso ou campi visita o outro, a única possibilidade de interação deve se dar pela competição. É chegada a hora de se pensar em atividades que promovam a cultura corporal de movimento entre universitários de forma a se reconhecerem como colaboradores, descobrindo os potenciais individuais e coletivos mediante a prática de esportes e outras manifestações corporais afins. Exemplo de boas experiências são aquelas realizadas mais próximas da natureza, já experimentadas em projetos realizados no Centro de Desportos. Pode-se, nessa direção, propor novas formas de realizar os tradicionais campeonatos e competições universitárias, adicionando-se atividades culturais e festivais esportivos em complementaridade e superação ao que já vem sendo realizado. A participação precisa ser irrestrita, prevendo-se a inclusão dos diferentes segmentos da UFSC, atentando-se, sobretudo, à participação de pessoas com deficiências.
3) Práticas da cultura corporal contemporânea e popular:
– Inclusão de agentes esportivos comunitários populares sob a supervisão de quadros científicos da Universidade: observa-se para o público leigo que as práticas da cultura corporal universitária não são “patrimônio e exclusividade da Educação Física” como área acadêmico-educativa. Partindo-se desse ponto de vista, é possível vislumbrar a valorização de muitos elementos da cultura corporal de movimento que superem a noção mais restrita do esporte aos moldes da competição;
– Necessidade de se criar as escolas esportivas para adultos e crianças não atletas, ou seja, um espaço de formação formal para acolhimento de pessoas nas diferentes idades para que possam se desenvolver/aperfeiçoar o movimento corporal, independentemente do desejo de participar de atividades competitivas e controladas por regulamentos ditados por federações esportivas ligadas ao alto rendimento.
4) Pesquisa, sistematização de dados, avaliação pública e técnica das atividades; a produção de conhecimentos; registros de imagens, divulgação:
– Diminuir as demandas legítimas de registros e prestações de contas para fins de resguardo burocrático;
– Promover acessibilidade simplificada das populações aos dados e às políticas empreendidas;
– Estimular e orientar a formulação de metodologias científicas e ações de sistematização dos conhecimentos advindos das ações realizadas;
– Informatização de toda a gestão e informações para o público interno e externo da UFSC.
5) Assessoria às Associações Atléticas e demais coletivos de alunos:
– Refletir sobre as formas de contribuir com a capacitação e assessoramento do corpo diretor das Associações Atléticas sem que percam o entusiasmo para aquilo que já vinham realizando em termos de organização das suas equipes e eventos. Espera-se contribuir para que essa forma de prática social estudantil permaneça, e que também possa ser aprimorada conforme os princípios e compromissos de formação humana da UFSC.