Interperiferias do Futebol: UFSC no I Encontro Internacional de Esporte, Cultura e Formação

01/11/2022 11:17

Entre os dias 2 e 6 de novembro, acontecerá o I Encontro Internacional de Esporte, Cultura e Formação: Interperiferias do Futebol e o IX Intercâmbio Internacional Desportivo, Artístico e Cultural Interperiferias do Futebol na Universidade da República (UdelaR) – Centro Universitário Regional do Leste – CURE, Maldonado, no Uruguai.

Este evento é coordenado pelo Grupo de Estudos Sociais e Culturais do Esporte (GESOCUDE) do Instituto Superior de Educação Física da Universidade da República – Uruguai (ISEF/Udelar), pelo Grupo de Estudos Culturais e Sociais sobre o jogo e o lúdico do Instituto Superior de Educação Física da Universidade da República – Uruguai (ISEF/Udelar), pela Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (ESEF/UFPel), pelo Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Departamento de Esporte, Cultura e Lazer da Universidade Federal de Santa Catarina (SECARTE/UFSC). Terá um conjunto de atividades entre as quais se destacam: reuniões e agendas de trabalho interinstitucional entre grupos de estudo e pesquisa sobre Esporte, Cultura e Treinamento; Conferências na UDELAR e comunidades; Seminário de futebol interperiferia e atividades culturais e artísticas.

Para falar um pouco mais sobre o assunto, convidamos o Professor Fábio Machado Pinto*, coordenador do Projeto Unificado Interperiferias do Futebol: intercambio esportivo, cultural e artístico.

O que é o Interperiferias e há quanto tempo acontece?

O projeto Interperiferias do Futebol, desenvolvido pela ESEF/Universidade Federal de Pelotas/RS em pareceria com o Clube Brilhante, realiza ações de extensão e pesquisa universitária que buscam articular diferentes dimensões formativas em torno do esporte (futebol), da arte, do lazer e do turismo, tendo como público-alvo atletas e jogadores veteranos de futebol (nas categorias VT40 e VT50 anos ou mais), além de pesquisadores e estudantes de diversas áreas do conhecimento, artistas, agentes comunitários, entre outros, interessados em temáticas relacionadas ao futebol e suas diferentes dimensões.
Hoje temos o Projeto Interperiferias nas universidades UFPEL, UFSC e UDELAR/Uruguay.
O projeto Interperiferias do Futebol teve início em 2012 e desde então realizou atividades de intercâmbio nas cidades de Pierrefitte (França, 2012), Santarém (Portugal, 2013), Florianópolis (Brasil, 2014)1, Rivera (URUGUAI, 2014), Florença e Bari (Itá- lia, 2015), Brasília (Brasil, 2016), Frankfurt e Karlsruhe (Alemanha, 2017), Pierrefitte (França, 2017). Esses intercâmbios, realizados, em geral, uma vez ao ano, são entendidos como possibilidades de lazer e turismo para trabalhadores, promovendo laços entre clu- bes e atletas veteranos, aprendizado básico de língua e da cultura desses diferentes países e cidades numa perspectiva de lazer vinculado à formação do trabalhador por meio da prática do futebol comunitário e da socialização de saberes e conhecimentos das comu- nidades de periferia. A atenção do Interperiferias está voltada, sobretudo, para as classes populares, ou seja, para cultura local de trabalhadores que residem nas periferias das cidades e que buscam no lazer esportivo uma maneira de viver melhor em sociedade e de compreendê-la a partir do esporte. Embora nossa relação com o esporte, geralmente, e com o futebol, especificamente, esteja fortemente mediada pelas lógicas do consumo2 e da indústria cultural (HORKHEIMER; ADORNO, 1985), que aplanam gostos, modos de relação, conhecimentos, fronteirais (espaciais e simbólicas) e experiências com os objetos culturais, é importante considerar as várias faces contraditórias do esporte como fenômeno social, tanto em sua dimensão sócio-histórica e a relação com as classes po- pulares (GAY, 1995; BOURDIEU, 1983; ELIAS; DUNNING, 1992) quanto na condição de elemento que delimita “nossa vida em comum, isto é, elemento cultural que age como referência para todos” (VAZ; BASSANI, 2013, p. 92). Nessa mesma direção, é preciso considerar o papel do futebol na construção e nas disputas de nossas narrativas e iden- tidades nacionais, uma vez que, conforme Wisnik (2008, p. 28) se refere a respeito da dimensão do futebol na sociedade brasileira – mas, como bem observamos nas viagens, o caráter identitário por meio do futebol não é exclusividade nossa –, ‘para o bem e para o mal, uma das mais reconhecíveis maneiras pelas quais o país [Brasil] se fez ser foi o futebol’, sendo ele veneno e remédio simultaneamente, problema e solução de nossos modos de ser e de se representar.

Qual a importância do Interperiferias para o esporte de lazer e para o esporte de alto rendimento?

Desde 2011, quando o projeto foi concebido, o foco foi promover o intercâmbio de jogadores de futebol amador de Florianópolis com comunidades da periferia de diversas cidades do Brasil e exterior. O futebol é hoje um dos esportes mais populares no mundo, sendo praticado nos cinco continentes e na maioria dos países do globo por 270 milhões de adeptos, entre jogadores, árbitros e dirigentes, o que representa 4% da população mundial5. Trata-se de uma das principais formas de lazer e entretenimento das populações de baixa renda, mas pouco se verifica a presença de uma formação cultural e crítica sobre o sentido do futebol para os seus adeptos ou apaixonados, na perspectiva da pro- moção da autorreflexão e emancipação de seus participantes.

Quem irá representar a UFSC no Interperiferias e como?

Raone Augusto Pereira Ribeiro (Bolsista do Departamento de Esporte, Cultura e Lazer – DECL/SECARTE)
Emilio Ben Barreto Freire (Estudante de Serviço Social/UFSC)
Prof. Dr. Ricardo Lara (Professor do Departamento de Serviço Social/UFSC)

*Fábio Machado Pinto é Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (1991-1994), possui Formação em Psicologia Existencialista pelo Núcleo Castor (1997-2000), Mestrado em Sociologia pela Universidade Técnica de Lisboa (1995-1998), Mestrado (2004-2005) e Doutorado (2005-2012) em Sciences de L’education – Universite de Paris 8 – Saint Denis, França. Atua desde 2021 como professor Associado IV na Escola de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (ESEF/UFPel), nas disciplinas de Ginástica e Capoeira. Foi professor efetivo da UFSC de março 1999 a março de 2021. Desde 2014, atua no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGE/CED/UFSC). É membro fundador e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea (NEPESC/UFSC), Coordena o Grupo de Estudos Biográficos Sartreano (GEBioS/UFSC). E membro pesquisador da Equipe de Pesquisa ESCOL/CIRCEFT/Universite Paris 8, bem como participa da Rede de Pesquisa Mercosul (Universidade de La Plata/Argentina e Universidad de la Republica /Uruguay). Entre outras atividades docentes fora da sede e membro consultor e avaliador da Comicion Sectorial de Investigacion Cientifica ? Universidad de la Republica (UDELAR). Atualmente, coordena o Projeto de Pesquisa Existencialismo e Sociologia Critica da Educação: contribuição dos estudos (auto)biográficos a pesquisa educacional. Como atividade de extensão coordena o Projeto Experiências Educativas: Infância, Educação do Corpo na obra de CANDIDO PORTINARI em parceria com a Prefeitura Municipal de Florianópolis (SEC/PMF). Atuou na coordenação do Subprojeto Educação Física no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Docente (PIBID/UFSC) de 2012 a 2020. Possui experiência na área de Educação, com ênfase em Historia e Sociologia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: Pesquisa (auto)biográfica e Memória, Formação de Professores; Infância e Educação do corpo; Processos de Escolarização; Cultura e Educação popular: Futebol e Capoeira.